quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

11.º B Secundária de Vagos


Nancy, Diário de D. Madalena



Emanuel e Eduardo, Telmo e D. Madalena

Adriana e Vanessa, Adaptação de diferentes cenas

Luís Resende, Um monólogo de Telmo

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Expressão Oral 11.º A (Secundária de Vagos)


Rita Maia, "Diário de D. Madalena"



Cláudia, "Diário de D. Madalena"


Tiago e Diana, "A Grande Entrevista"

Cátia e Betânia, "Uma entrevista , na rádio, a D. Madalena"

João Alves e João Sarabando, "Romeiro, quem és tu?"

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Expressão Oral 12.º A (Secundária de Vagos)


"O confronto final", Soraya e Ricardo Rocha


"O Sonho de D. Sebastião", Ana Raquel


"Pessoa vs Camões"- Campanha eleitoral, Catarina e Mariana


"O Mostrengo" de Pessoa, Luís e Daniela


"O Mostrengo" de Pessoa, Rita e Patrícia


"Chegada a Melinde", Jorge e Elisa


"Emissão Radio Inventar", Denise e Cátia


"O Adamastor", Joana e Ricardo Resende

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Peter Pan e a Terra do Nunca


Peter Pan é um conto maravilhoso pensado por um rapaz, para rapazes. Tem piratas, ilhas misteriosas, peles vermelhas, barcos, tesouros, animais selvagens, voos nocturnos, lutas, desobediência e muitos outros ingredientes que pertencem ao imaginário do que tradicionalmente sempre foi considerado "literatura infantil". (...) Peter Pan é uma figura criada com o intuito de desestabilizar, criar perigo e destruir regras. (...) Assim, Peter Pan surge como um elfo, feito de matéria orgânica - como Pan, o mítico fauno dos bosques - que permanece sem idade, num estádio infantil. Na companhia de crianças, Barrie [ autor]sentia-se feliz, completo e amado. (...)conservou até à sua morte, em 1937, o sonho de partir, como Peter Pan, para a Terra do Nunca. in Vasconcelos, Helena. A Infância É Um Território Desconhecido, Lisboa. Quetzal Editores. Lisboa.

A terra do nunca


Se eu fosse para a terra do nunca,
teria tudo o que quisesse numa cama de nada:

os sonhos que ninguém teve quando
o sol se punha de manhã;

a rapariga que cantava num canteiro
de flores vivas;

a água que sabia a vinho na boca
de todos os bêbados.

Iria de bicicleta sem ter de pedalar,
numa estrada de nuvens.

E quando chegasse ao céu, pisaria
as estrelas caídas num chão de nebulosas.

A terra do nunca é onde nunca
chegaria se eu fosse para a terra do nunca.

E é por isso que a apanho do chão,
e a meto em sacos de terra do nunca.

Um dia, quando alguém me pedir a terra do nunca,
despejarei todos os sacos à sua porta.

E a rapariga que cantava sairá da terra
com um canteiro de flores vivas.


E os bêbados encherão os copos
com a água que sabia a vinho.

A terra do nunca, com o sol a pôr-se
quando nasce o dia.

Nuno Júdice, in As coisas mais simples




segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nuno Júdice e três poemas

Biografia/bibliografia

Nuno Júdice nasceu na Mexilhoeira Grande, Algarve, em 1949. Formou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa. É professor na Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou, em 1989, com uma tese sobre Literatura Medieval. Entre 1997 e 2004 desempenhou as funções de Conselheiro Cultural e Director do Instituto Camões, em Paris. Tem publicado estudos sobre a Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa. É poeta e ficcionista. Publicou o primeiro livro de poesia em 1972. Recebeu os mais importantes prémios portugueses de poesia : Pen Clube, em 1985; Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus, em 1990 e da Associação Potrtuguesa de Ecritores, em 1994. Entr os seus mais recentes livros contam-se: Poesia Reunida (1967-2000); Pedro, Lembrando Inês (2001); Cartografia de Emoções (2001); O Estado dos Campos (2003); As coisas mais simples (2006); e, em prosa, A Ideia do Amor e Outros Contos (2003); O Anjo da Tempestade (2004).


Até ao fim

Mas é assim o poema: construído

palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até se
o poema quer acabar. Então peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema,a acabe.



Plano
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

O Amor, dizes-me

Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio
suspenso dos gestos com que elas desenham
cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias
que delas dependem. Por vezes, porém, as
palavras são o seu próprio silêncio. Nascem
de uma espera, de um instante de atenção, da
súbita fixidez dos olhos amados, como se
também houvesse coisas que não precisam de
palavras para existir. É o caso deste sentimento
que nasce entre um e outro ser, que apenas
se adivinha enquanto todos falam, em volta,
e que de súbito se confessa, traduzindo em
breves palavras a sua silenciosa verdade.